Querides, queridas e queridos, comunidade da UFRGS,
Esperamos que estejam bem, com saúde e em segurança. Nas próximas semanas, mais uma vez, teremos uma consulta para a Reitoria da UFRGS. Momentos como este não são propriamente uma novidade, mas desta vez há importantes diferenças em relação aos processos eleitorais anteriores: a consulta será paritária, ou seja, os três segmentos que compõem a comunidade universitária (discentes, docentes e servidores/as técnico-administrativos/as) terão peso equânime na consulta, o que é uma grande conquista; a escolha das/os novas/os dirigentes ocorrerá depois de um período de retrocesso democrático e de gestão no país e na UFRGS; e a campanha eleitoral acontecerá em meio a uma grave crise ambiental e social ocasionada por uma catástrofe diretamente relacionada à emergência climática que devastou o nosso estado.
Lamentamos que o processo de consulta à comunidade tenha de ocorrer justamente em um contexto de necessidades tão urgentes da sociedade sul-rio-grandense. Estamos, desde o começo dessa catástrofe, trabalhando incansavelmente no apoio às vítimas, mas, sobretudo, na constituição de uma rede de pesquisadoras/es que elaboram políticas capazes de prevenir e mitigar desastres como esses. Entendemos que esse é o papel da Universidade pública: atuar junto à sociedade e governos na construção de soluções para os problemas do nosso tempo.
E é diante deste contexto que queremos nos apresentar a vocês, como candidata e candidato à Reitoria da UFRGS, conscientes dos enormes desafios que nos aguardam, mas também confiantes na nossa capacidade de dirigir a nossa querida Universidade em um contexto tão turbulento.
A nossa chapa é a de número 03 e se intitula SOMOS UNIDADE UFRGS. Ela é composta por Marcia Barbosa, professora titular do Instituto de Física, e Pedro Costa, professor associado da Escola de Administração. Temos larga experiência de gestão e de participação nos Conselhos Superiores da UFRGS e estamos acostumados a dialogar com toda a comunidade universitária, propondo e ouvindo soluções para os problemas que nos afligem.
Nossa candidatura é resultado da união de dois coletivos, o SOMOS UFRGS e o UNIDADE UFRGS, que atuaram durante os últimos quatro anos para manter a UFRGS em funcionamento, considerando a ausência da atual gestão, e para aprovar temas fundamentais para nossa comunidade e para a sociedade como um todo.
Propomos a estruturação de uma nova UFRGS, democrática, pública no sentido mais pleno da palavra: COM CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA. Temos propostas concretas para construir um ambiente de trabalho e estudo respeitoso, acolhedor, estimulante e inspirador de novas ideias e conhecimentos. Comprometemo-nos com o combate a todas as formas de opressão, assédio e preconceito, e contra toda e qualquer forma de violência, explícita ou velada. Será nossa missão recuperar o senso de pertencimento, de uma coletividade que se move na construção de uma sociedade mais justa, feliz e democrática. Sentir prazer de estar no espaço acadêmico e entre colegas docentes, discentes, técnicos e trabalhadores terceirizados.
Reconhecemos as demandas sociais e o papel a ser desempenhado por uma Universidade com o porte e a tradição da nossa, localizada no Brasil, no sul da América Latina. A UFRGS está destinada a construir alternativas para as desigualdades econômicas e sociais persistentes, para os grandes contingentes de pobreza e trabalho precário, resultado de uma matriz econômica extrativista e dependente. Está destinada a combater o racismo estrutural, impregnado na sociedade e nas instituições. Ao mesmo tempo, devemos ser uma universidade aberta ao mundo, sintonizada com os grandes temas da humanidade e da ciência, como a crise climática e ambiental, os fluxos migratórios e a conversão energética. A UFRGS que queremos estará aberta à colaboração multidirecional, para incidir globalmente e formar pessoas sensíveis, capazes de pensar, refletir e agir nessas múltiplas escalas.
Comprometemo-nos com uma gestão feita através de diálogos e pactos transparentes e democráticos entre a administração central, unidades, conselhos e representações de todos os segmentos universitários e a romper com práticas históricas de gestão centradas no personalismo e na administração verticalizada.
Temos propostas de ações para as principais demandas de docentes, discentes e técnicos-administrativos em educação, tais como: criação de uma Pró-Reitoria de Ações Afirmativas, fim das matrículas precárias, retomada da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e dos processos de flexibilização da jornada dos/as técnicos-administrativos/as que não podem usufruir do teletrabalho, com uma presença maior desses/as servidores/as na gestão da UFRGS; desburocratização de processos para pesquisa, extensão e para docentes convidados (aposentados UFRGS), melhorias na infraestrutura, apoio e acolhimento aos problemas de saúde mental de nossa comunidade, oferecimento de mais assistência estudantil, abertura do RU nos finais de semana, ampliação da estrutura de TI e integração físico-digital; valorização da cultura e da arte em toda a Universidade, apoio e valorização da educação básica, com inclusão do Colégio de Aplicação na gestão, internacionalização estratégica, revisão da matriz orçamentária para maior equidade entre Unidades, realização de um Congresso Universitário no primeiro ano de gestão, incremento dos espaços de convivência nos campi. Tudo isso num ambiente acolhedor, antirracista e livre de todas as discriminações e formas de assédio e com equidade de gênero e raça em todas as esferas. Estas são apenas algumas das ações e propostas do nosso programa. Veja o programa completo no link da nossa bio. Convidamos todas as pessoas a conhecer e a colaborar com o nosso programa, a construir coletivamente a Universidade que queremos para os próximos noventa anos, num diálogo permanente entre o antigo e o novo, o clássico e o moderno, o estabelecido e o emergente.
Um abraço afetuoso,
Marcia e Pedro